Day four tour: Pico pico maçarico...

20:32 Mónica 0 Comments


"Quando a ilha acorda, toda ela é novidade, sol varrido, conteira molhada, desmaio enfeitiçado, curso de água, frescura, humidade..." Adelaide Baptista

Quem acorda na Madeira, acorda assim, embebido neste sol, nesta humidade, nestas cores, nesta vontade singular de se fazer parte de uma natureza exuberante tanto em terra como no mar. Percorrer os vales, veredas e levadas desta terra singular traz-nos de volta às origens e desperta em nós a vontade de deixar todos os problemas de lado e seguir, seguir sempre em frente até onde os caminhos, sempre surpreendentes, nos levarem. Foi entre estes pensamentos que me encontrei na Casa de Chá do Faial, descansada a tomar o pequeno-almoço quando me decidi a enfrentar o caminho agreste da subida ao pico mais alto da ilha: o Pico Ruivo. Depois de ontem ter rogado pragas a S. Pedro pelo céu nublado que me impediu a caminhada, hoje mesmo com um nevoeiro cerrado estava decidida a desbravar a valente caminhada. Lá do alto dos seus 1862 metros de altitude, o maçarico desafiava-me, e eu não podia dizer que não.
Aspeto do jardim da Casa de Chá do Faial
Foi na Achada do Teixeira, em Santana (PR 1.2) que deixamos o carro e começamos a subida. A acompanhar-nos apenas o nevoeiro que não nos permitiu durante a subida  usufruir da beleza da paisagem. A caminhada trouxe consigo o silêncio apaziguador, aqui e ali sarapintado por passos apressados de outros caminheiros que se iam cruzando nos vários trilhos marcados. O cume traz como recompensa a presença de vários bis-bis ou estrelinha-real (Regulus madeirensis) que nos vieram saudar. Parece que nos trouxeram boa sorte, na descida o tempo abriu, mostrando a beleza antes encoberta.

Casa abrigo a caminho do Pico Ruivo
 Já se avista o marco geodésico


Na descida, a paisagem antes encoberta

De volta ao Funchal ainda deu tempo para dar um salto a Ribeiro Frio. Aqui se situa um parque natural localizado num vale profundo do norte da ilha rodeado de montanhas, bem no coração da Floresta Laurissilva, Património Mundial Natural classificado pela UNESCO.
Ribeiro Frio

Também daqui se iniciam muitos dos trilhos que nos encantam e tentam. Hoje já não pôde ser. Estava na hora da banhoca e de ir jantar às “Vides”, no Estreito de Câmara de Lobos. Conta a lenda que aqui, na antiga Adega do Terreiro, nasceram as famosas espetadas de carne, especialidade emblemática da ilha. Verdade ou não, o que interessa é que são realmente boas! Mais ainda a simpatia dos funcionários da casa que partilharam connosco algumas receitas típicas que mais tarde publicarei. A melhor de todas deixo-a já: Milho frito. Se a quer fazer, basta comprar um pacotinho de farinha de milho Insular que vem com a receita. Tarefa fácil não será encontrar o dito pacote fora da Madeira!

Depois disto apenas o descanso merecido, amanhã a jornada será bem mais longa.

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